Há quem diga que o jazz moderno está "saxtenorizado". De fato, os instrumentistas que mais gravaram nas duas últimas décadas provavelmente são os saxtenoristas, ocupando o lugar que já foi dos trompetistas. (Mas leia também sobre o renascimento recente do trompete no jazz.) Essa proeminência se deve, em grande parte, à atração que o jazz fusion tem pelo tenor da família de instrumentos inventados pelo belga Adolphe Sax. Um conjunto típico de jazz fusion na atualidade se compõe de sax tenor (ou soprano) + teclados (em geral eletrônicos) + guitarra + contrabaixo elétrico + bateria (e percussão). No entanto, o sax tenor tem uma rica história que antecede em muito os modismos recentes, e que remonta a mestres como Coleman Hawkins e Lester Young. O sax tenor não esteve sempre associado, como ocorreu até recentemente, a um som "nervoso" e áspero, a la Gato Barbieri. Ao contrário, no swing e no cool, a "voz" que os solistas davam ao instrumento era geralmente redonda, suave, bem colocada. Outros tempos. Felizmente, mesmo durante a fase dos "angry tenors" (os "tenores zangados"), continuaram existindo alguns mestres que primavam pela qualidade do som, como Sonny Rollins, e hoje em dia voltamos a ter saxtenoristas de som extraordinariamente limpo e nítido, como o jovem Joshua Redman.
(V.A. Bezerra, 2001)
(V.A. Bezerra, 2001)
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