Empenar o Braço é um dos males mais comuns em instrumentos de cordas, seja ele uma guitarra, um violão ou um contra baixo. Hoje nós da Mundomax vamos dar algumas dicas para o seu instrumento não se transformar em um berimbau.
Quando você sente que seu instrumento está ficando “duro” ao toque, o som meio “chocho” ou a afinação já não fica mais 100% são inúmeras as coisas que podem estar ocorrendo com ele: o braço pode estar empenado, o tampo pode estar torcido ou o cavalete descolando…
Essas avarias fazem com que a ação das cordas fique muito alta, tornando o toque desconfortável.
A causa dos empenamentos e torções se dá devido a vários fatores, por exemplo:
1- Uso de calibre de cordas não compatível com o tamanho de escala e estrutura do tampo;
2- Condições climáticas (umidade do ar excessiva ou escassa e temperaturas elevadas);
3- Mau acondicionamento;
4- Madeiras componentes do tampo ou braço com posição de corte incorreta.
Antigamente, talvez até nem tão antigamente, era comum usar cordas de aço em violões de nylon. Isso por que o Brasil não fabricava violões aço, os que tinham por aqui eram importados. Com isso, muitos violonistas ainda utilizam cordas de aço em violões clássicos – algo herdado dos antigos – e se gabam em dizer: “Meu violão tem um sonzão”! É evidente que o instrumento falará alto, pois as cordas de aço estão vibrando numa superfície fina — como o tampo de um violão clássico — vão potencializar ao extremo o volume e, consequentemente, transformá-lo num berimbau!
Braço empenado
O braço tende a empenar a partir da 5ª casa em direção à pestana.
Causas: Cola inadequada entre o braço e a escala, madeira em corte incorreto, variações climáticas bruscas e calibre de cordas incorreto.
Solução: Os violões de cordas de aço geralmente vêm equipados com tensor regulável e, se o empenamento não for extremo, o ajuste no tensor resolve esse problema. Em violões clássicos, que em regra não possuem tensor, o problema é maior. Se o empenamento for leve, retiram-se os trastes e faz-se uma retífica da madeira da escala e a recolocação dos trastes. Já em um empenamento mais agudo, deve-se sacar a escala, desentortar o braço com direcionamento de calor e colar a escala novamente, seguida de nova colocação de trastes.
Tampo torcido
O tampo é o problema mais grave. Quando a tensão de cordas atua sobre ele, há um movimento de inversão: a parte posterior ao cavalete sobe e a parte anterior afunda. Muitas vezes a trava que sustenta a escala embaixo do tampo se rompe ou abaixa demais. Esse conjunto de empenamentos e torções faz com que a ação das cordas se levante naturalmente, causando total desconforto ao toque.
Solução: nos casos mais simples, abaixar a altura do rastilho é uma saída. Se o rastilho não tem mais altura em relação à angulação das cordas, a solução é remover o cavalete e substituí-lo por um mais baixo, desde que haja altura suficiente em relação ao braço. Nos casos mais graves, a única saída é a troca do tampo.
E quando as duas coisas acontecem?
Aí o estrago é grande. Nesse caso, é necessário desmontar o instrumento. Primeiro, removemos o braço, fazemos a troca do tampo e ajustamos o braço novamente. Esse trabalho custa muito caro, pois o tempo que um luthier leva para executar um serviço como esse chega a ser maior que o tempo que ele levaria para construir um violão novo. Esse tipo de serviço costuma ser feito em violões de valor alto ou instrumentos históricos.
Cabe dizer que cada caso é único e se apresenta de uma forma, por isso leve seu instrumento periodicamente ao luthier de sua confiança para que ele possa detectar tais problemas e poupá-lo de dissabores. A prevenção de possíveis avarias no instrumento custa menos que um violão novo!
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